Dados do relatório mais recente da empresa de análises de criptomoedas CoinShares mostram que investidores do Brasil retiraram um total de US$ 34 milhões de produtos de investimento em criptomoedas ao longo de 2023.
Essas retiradas vão na contramão do mercado global. Isso porque em 2023, os produtos de investimento em ativos digitais registraram entradas de US$ 2,25 bilhões. Dessa forma, o ano passado foi o terceiro melhor ano da série histórica que teve início em 2017. O ano de 2023 só ficou atrás de 2020 com US$ 6,6 bilhões e 2021 com US$ 10,7 bilhões.
De acordo com o relatório da CoinShares, as entradas nos produtos de investimento em criptomoedas foram 2,7 vezes maiores do que as entradas observadas em 2022, marcando uma reviravolta dramática para a classe de ativos. Conforme destacou a empresa, grande parte da recuperação ocorreu no último trimestre, quando ficou cada vez mais claro que a SEC estava se preparando para aprovar o lançamento de ETFs baseados em Bitcoin à vista nos Estados Unidos.
O total de ativos sob gestão (AuM) aumentou 129% ao longo do ano, terminando em US$ 51 bilhões, o maior valor desde março de 2022.
Brasil 'desinveste' milhões de produtos de criptomoedas
Com relação aos países analisados pela CoinShares, os Estados Unidos registraram as maiores entradas de US$ 792 milhões, mas isso representou apenas 2% do AuM. Enquanto a Alemanha registrou as maiores entradas com 22% do AuM. Em seguida, vieram Canadá e Suíça com 15% e 13%, respectivamente.
"O atraso dos EUA é talvez compreensível dada a provável preferência entre os investidores por um ETF à vista", destacou a empresa.
O Brasil, como mencionado, foi um dos poucos países que seguiram o caminho inverso, retirando dinheiro de produtos de cripto. O país só perde para a Suécia no valor total "desinvestido", já que a nação europeia retirou US$ 117 de fundos de criptomoedas no ano passado.
Ainda assim, o Brasil fechou o ano com um AuM de US$ 451 milhões. A título de comparação, o total de ativos sob gestão da Suécia foi de cerca de US$ 2,4 bilhões. Assim, considerando os países analisados pela CoinShares, o Brasil só não se saiu pior que Austrália (US$ 27 milhões) e França (US$ 19 milhões) em termos de AuM.
Bitcoin domina investimentos
De acordo com a CoinShares, o Bitcoin foi, de longe, o maior benfeitor na melhoria do sentimento dos investidores, com US$ 1,9 bilhões em entradas, representando 87% dos fluxos totais.
O seu domínio nos fluxos é o maior da história, sendo o pico anterior em 2020, onde recebeu 80% dos fluxos, e o mais baixo em 2017, com apenas 42%.
"Não parece haver uma tendência discernível aqui, com a causa mais provável sendo o hype e a aprovação do ETF da SEC", destacou a empresa.
Enquanto isso, o Ethereum viu uma recuperação de entradas para encerrar o ano em US$ 78 milhões, mas continua atrasado em relação ao AuM total, representando apenas 0,7%. Já a Solana se beneficiou da relutância dos investidores em Ethereum, vendo entradas totalizando US$ 167 milhões, representando 20% do AuM.
Por fim, a CoinShares ressaltou que as ações de empresas com foco em blockchain também se beneficiaram, com o AuM aumentando 109% e registrando entradas totais de US$ 458 milhões, 3,6 vezes as entradas vistas em 2022.
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