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Facções de quatro países vizinhos travam disputa por território na Amazônia

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Integrantes de facções estrangeiras cruzam a fronteira para disputas na Amazônia Legal

Facções venezuelanas, ex-Farc e grupos peruanos e bolivianos atuam na região

A Amazônia Legal tem sido palco de disputas territoriais entre facções criminosas estrangeiras. De acordo com o estudo "Cartografia da Violência na Amazônia", divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, integrantes de pelo menos dez facções de quatro países vizinhos têm cruzado a fronteira para travar conflitos na região. O levantamento destaca que os grupos venezuelanos estão presentes em Boa Vista, no estado de Roraima, disputando território com facções brasileiras. Além disso, há a presença de quatro grupos de ex-guerrilheiros das Farc concentrados no Amazonas.

Ex-Farc domina rota por rio

Segundo os dados do estudo, os ex-guerrilheiros das Farc estão na mira das autoridades colombianas, brasileiras e norte-americanas por suspeita de dominar uma rota fluvial para negociar com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), as duas principais facções brasileiras. Mensagens de e-mails do Ministério Público da Colômbia indicam que esses grupos estrangeiros cruzam a fronteira de barco pelo rio Vaupés e seguem pelo Rio Negro, no Amazonas. Já o PCC é citado como aliado de narcotraficantes no sul da Colômbia e disputa território com o CV.

As facções estrangeiras têm buscado o território da Amazônia Legal para negociar com o mercado brasileiro de drogas. A presença desses grupos está relacionada à dificuldade de levar a droga para os Estados Unidos ou países da Europa, além da existência de locais estratégicos na rota do tráfico. Entre esses grupos, além dos ex-guerrilheiros colombianos das Farc, há também peruanos, venezuelanos e bolivianos.

Facções venezuelanas dominam em Roraima

O estudo indica que organizações criminosas venezuelanas atuam principalmente em cidades de Roraima. Com a presença hegemônica do PCC, o estado possui importância estratégica para o tráfico de drogas por fazer fronteira com a Venezuela e estar próximo da Colômbia. Pacaraima, localizada ao norte de Roraima, na fronteira com a Venezuela, é disputada por PCC, CV e pelo grupo venezuelano Trem de Aragua.

O Sindicato do Crime, outra facção venezuelana, também tem atuação no território. Há indícios de ligação dessa facção com o PCC, apesar de não haver registros oficiais nas investigações. A presença hegemônica do PCC no estado e a ausência de registros de mortes violentas indicariam a inexistência de uma disputa acirrada entre as facções. Em Pacaraima, o Sindicato do Crime participa de crimes patrimoniais e do tráfico de drogas e armas.

Além disso, as rotas de fuga existentes na região facilitam a atuação das facções venezuelanas em Pacaraima. A presença de venezuelanos atuando no comércio de drogas em bairros da capital roraimense também foi identificada.

Facções peruanas e bolivianas na região

O estudo destaca a presença do Clã-Chuquizuta em Tabatinga, no estado do Amazonas, na fronteira com o Peru. Esse grupo é oriundo de Santa Rosa de Yavari, no Peru, que faz parte da zona da tríplice fronteira. O Comando de Las Fronteras, outra facção peruana, está presente na Colômbia e em Loreto, no Maranhão. Além disso, a facção Los Quispe-Palamino atua na fronteira entre o Peru e o Acre.

Pequenos grupos bolivianos também foram identificados na região. Em Plácido de Castro, no Acre, destaca-se o Clã Dourado, situado na fronteira entre Acre e Rondônia.

Em suma, o estudo revela a presença de diversas facções estrangeiras na Amazônia Legal, cujas disputas por território têm levado a um aumento da violência na região. É necessário que as autoridades dos países envolvidos intensifiquem a cooperação para combater o crime organizado e garantir a segurança nessa área estratégica e de grande importância ambiental.

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