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Jovem usa arte drag como 'válvula de escape' para enfrentar a ansiedade

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A arte drag como válvula de escape para estudante universitário com transtorno de ansiedade

A psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999) ficou conhecida por utilizar a arte como uma ferramenta eficaz para o tratamento de seus pacientes. Esse método revolucionário também tem trazido conforto e ressignificação para indivíduos como Fernando Cassimiro, um universitário de 25 anos diagnosticado com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Fernando relata que a arte drag, que ele pratica com sua personagem Foxes, tem sido a sua válvula de escape para expressar sentimentos e lidar com as angústias.

Os desafios de conciliar estudos, trabalho e saúde mental

Fernando Cassimiro, estudante de engenharia química da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), está no 5º período da graduação, mas poderia estar perto de se formar se não tivesse enfrentado instabilidades emocionais que o fizeram pensar em desistir algumas vezes. Devido à suspensão da bolsa de pesquisa que recebia, teve que voltar a trabalhar para garantir seu sustento.

Ele relata que por muito tempo ficou dividido entre estudar e trabalhar, tentando conciliar as duas coisas ao mesmo tempo. Essa sobrecarga prejudicou seu desempenho acadêmico, além de causar problemas psicológicos. Atualmente, Fernando faz trabalhos temporários para se manter financeiramente e se apresenta em boates da capital alagoana como a drag queen Foxes. No entanto, todas essas atividades acabam afetando seu rendimento na faculdade, mas desistir dos estudos não é uma opção para ele.

Ele relata que ver seus colegas caminhando no curso enquanto ele tem dificuldades em acompanhá-los gera baixa autoestima e crises de ansiedade. Apesar dos desafios, ele não abre mão de se formar e deseja transformar sua vida e a de sua família através da graduação.

Os desafios da arte drag

Além das dificuldades enfrentadas na universidade, Fernando Cassimiro também relata obstáculos relacionados à sua arte drag, principalmente quando se trata de relacionamentos pessoais e oportunidades de trabalho em Maceió. Ele afirma que mesmo dentro da própria comunidade LGBT, onde esperaria encontrar apoio, ainda existe certo preconceito em relação à sua arte.

Ele destaca que no estado de Alagoas as estatísticas de violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ são alarmantes, com 10 mortes registradas apenas em 2022. Esses números mostram a importância do apoio da família para evitar que histórias difíceis se tornem tragédias. Fernando conta que sempre recebeu apoio e carinho dentro de casa, desde quando assumiu sua orientação sexual e desde que criou sua persona drag.

Porém, devido aos perigos noturnos que enfrentam, principalmente relacionados à violência e assédio, ele também precisou construir uma rede de apoio fora de casa. Ele relata que ele e suas amigas sempre se certificam de não voltarem para casa sozinhos, compartilhando aplicativos de transporte para garantir a segurança.

A arte drag como canal de expressão e superação

Mesmo diante de todas as dificuldades, Fernando Cassimiro segue em frente, utilizando sua arte drag como um canal para transmitir mensagens de apoio e manifestar seus sentimentos. Através de suas performances e figurinos, ele busca ressignificar suas angústias e compartilhar suas experiências com o público.

Prevenção ao suicídio e cuidados com a saúde mental

O mês de setembro é conhecido como "Setembro Amarelo" e é marcado por uma campanha de prevenção ao suicídio. O Centro de Valorização da Vida (CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina lideram essa iniciativa, oferecendo apoio emocional e preventivo através do número 188. Além disso, é possível buscar auxílio nos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), onde é possível agendar consultas com profissionais de saúde mental.

Conclusão

O relato de Fernando Cassimiro nos mostra como a arte pode ser uma poderosa ferramenta de expressão e ressignificação para lidar com transtornos mentais e dificuldades cotidianas. No entanto, também evidencia os desafios enfrentados pela comunidade drag, principalmente relacionados ao preconceito e à violência.

É fundamental que a sociedade como um todo se engaje na luta contra o preconceito e na promoção de um ambiente seguro onde todos possam expressar sua arte e sua identidade sem medo. Além disso, é importante destacar a importância de cuidar da saúde mental e buscar apoio quando necessário, tanto através de profissionais especializados quanto de redes de apoio como a família e os amigos.

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